sábado, 12 de novembro de 2011

A Chave

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A CHAVE

22-11-09

Sentado na cama da enfermaria, ele olhou para o saco plástico que a enfermeira lhe estendeu. Antes, o médico, na visita de rotina, havia assinado a sua alta. Alta? Se não sabia nem quem era...
- Aí está, Alírio. Sua roupa, seus pertences. Vista-se, você vai ficar livre de nós... Dessa você escapou... Mais cuidado, hein?
Alírio... Então era esse o seu nome? No hospital era a primeira vez que lhe tratavam pelo nome. Com certeza para forçá-lo a lembrar-se. Mas, qual, ele não sabia nem como havia parado ali. “Mais cuidado”, com que? Agora, era informado que estava com alta, iria para casa. Aliás, antes, ainda teria uma conversa com os médicos.
Sorriu meio sem graça para a enfermeira:
- Alírio... de que?
- Gonçalves Braga. É o que consta nos seus docu-mentos. Bonito nome, não é mesmo?
Ele olhou para o saco plástico no seu colo. Uma calça, uma camiseta, um par de sapatos, meias, algum dinheiro e sua carteira. Abriu o invólucro, pegou a carteira, conferiu a identidade. Era ele mesmo. O retrato, um tanto velho, não deixava dúvidas. Alírio Gonçalves Braga. Bonito nome...
- Muito obrigado. Quem sabe remexendo nessas coisas vá lembrar-me de algo que possa me ajudar?
- Vamos torcer... Vista-se, Alírio, e depois me procure. Vamos conversar com o Dr. Paulo.
Alírio sempre ouvira falar em amnésia, mas não imaginava ser uma sensação tão angustiante. Quem era? Se era casado, solteiro, se tinha família, onde morava, se trabalhava ou não... nada, nada vinha à sua mente. Parou em frente ao espelho, enfiou as duas mãos nos bolsos e perdeu tempo examinando-se. Realmente, não se conhecia.
Foi quando sua mão tocou em alguma coisa, no fundo do bolso. Uma chave. De onde seria? Presa a uma argola, que tinha um pequeno plástico com um número gravado: 113.
- Está pronto, Alírio? Vamos...
Dr. Paulo já o esperava.
- Como vai, Alírio? Então, nada ainda?
- Nada, doutor. Não sei nem como vim parar nesse hospital. Aliás, quero agradecer o tratamento que vocês me dispensaram. Nestes dias, todos foram muito pacientes e carinhosos comigo.
- Nestes dias... Rotina nossa, Alírio. É bom saber que você está bem. Isto é, exceto pela amnésia, é claro. Mas acredito que esse estado seja reversível. Você não ficou com nenhuma sequela que pudesse provocar esse esquecimento, por isso penso que ele seja de fundo emocional. Algo com que você talvez estivesse muito preocupado, na hora do acidente...
- Acidente?
- Você foi atropelado, Alírio. Teve contusões bastante sérias, esteve em coma, mas a sua cabeça não foi atingida. Por isso, sua amnésia não pode ser traumática.
- Atropelado... Quanto tempo estou aqui?
- Três meses... mas só há cinco dias recuperou a consciência. Não fosse pela amnésia, já poderia estar em casa.
- Três meses?... Mas em casa, onde? Se nem sei se tenho casa...
- Tem vindo aqui um rapaz lhe visitar constante-mente. Deve ser amigo seu. Seu nome é Nestor. Você não se lembra dele, com certeza, mas ele já foi avisado de sua alta e está a caminho.
- Ótimo, pelo menos deve saber quem eu sou...
- Com certeza. Alírio, você terá que vir ao hospital ao menos duas vezes por semana, para acompanhar-mos a involução dessa amnésia. Com exercícios de me-mória ela irá voltando aos poucos, tenho certeza.
A enfermeira interrompeu o diálogo:
- O rapaz chegou, Dr. Paulo.
Nestor entrou na sala, e dirigiu-se diretamente a Alírio, abraçando-o:
- Rapaz, o que houve contigo? O pessoal lá do es-critório está sentindo falta do cafezinho...
- Cafezinho?
Nestor voltou-se para o médico, e brincou:
- Alírio é o encarregado do nosso cafezinho, doutor. É o homem mais importante do escritório... Sem ele, aquilo não anda...
- Bom, já é alguma coisa, eu saber que trabalho num escritório e sirvo cafezinho...
- Diga-me uma coisa, Alírio: e a minha chave? Você perdeu-a, nessa confusão?
- Então a chave é sua... Achei-a hoje, no meu bolso, e pensei que fosse da minha casa, um apartamento 113 em algum lugar dessa cidade... Aqui está ela.
Nestor pegou-a com visível interesse.
- Ainda bem que você não a perdeu. Essa chave é muito importante.
- Mas por que estava comigo?
- Ora, foi um favor que você me prestou... Depois a gente conversa. Então, vamos para casa? Você não sabe, mas eu sei onde você mora. E não é em nenhum 113.

Da janela do escritório, Nestor e Olavo observavam o rapaz que ia atravessando a rua, levando uma maleta. Era Alírio, a caminho do aeroporto.
- Ali vai a nossa independência financeira...
- É verdade. Se tudo der certo...
- E porque não daria, Olavo? Ninguém sabe de nada, nem mesmo o Alírio sequer imagina o que leva naquela pasta.
- Eu sei. Planejamos tudo muito bem, modéstia à parte. E durante quanto tempo! Não há possibilidade de alguém dar falta do dinheiro, só nós dois lidávamos com ele... Toda a contabilidade está em ordem, pois ele nem poderia ser escriturado. Se veio dos fornecedores...
- Foi preciso muita paciência, mas conseguimos juntá-lo, ainda que em doses homeopáticas, Qualquer outra pessoa teria gasto tudo de uma vez. Agora, a re-compensa...
- Ainda assim, temos que ter muito cuidado. Vamos deixar esse dinheiro “descansando” por um bom tempo, para não levantarmos nenhuma suspeita. Nada melhor do que um guardavolumes.
Mas Alírio não seguiu direto para o aeroporto. Antes entrou numa loja, e perguntou ao vendedor:
- Por favor, o senhor teria uma maleta igual a esta? Com este mesmo tipo de fecho?
Era uma dessas fechaduras de cilindro, de senha única.
- Devo ter. Não é um modelo exclusivo. Entre, vou ver no nosso estoque.
Pouco tempo depois, saiu da loja com duas maletas idênticas, e foi para o aeroporto. Colocou a maleta dos rapazes em um escaninho, e guardou a chave: nº 311. Comprou alguns exemplares dos jornais do dia e trancou-se no sanitário. Encheu a mala que havia comprado com os jornais, e saiu, colocando-a em outro escaninho: 113. Sem antes rodar o cilindro e esquecer propositadamente a senha...
Na saída, passou pelo escaninho onde estava a mala de dinheiro, bem longe dali, e bateu três vezes na porta:
- Depois cuido de você...
Brincou com a chave, enfiou-a no bolso e sorriu.
- Ladrão que rouba ladrão...
Do aeroporto foi para casa, que o expediente do escritório já tinha terminado. No dia seguinte entregaria chave para Nestor. A sua chave, tratou de escondê-la em um lugar onde ninguém a achasse: dentro do plafo-nier do quarto.
Tomou um banho e desceu para jantar. Mas não chegou ao restaurante. Distraído, pensando na fortuna que havia conseguido tão facilmente, sem testemunhas, sem cúmplices, antegozando a sua nova vida de milionário, não viu um carro que se aproximava, e atravessou a rua em frente a ele, sendo arremessado à distância.

Como “homem do cafezinho”, era sempre o mais esperado do escritório, o que nunca podia faltar, o único que tinha acesso e era bem vindo em todos os departamentos. E foi justamente por isso que se inteirou do plano dos dois companheiros.
Quando, um dia, entrava na sala em que estavam, ouviu um trecho de conversa que o fez recuar e ficar na espreita.
- Não se preocupe, Olavo. Ninguém vai descobrir...
Aquela frase aguçou os seus sentidos, e ele, silenciosamente, acabou ficando a par de todo o plano.
- Podemos usar o Alírio. Diremos que um de nós vai viajar, mas que antes terá uma reunião com um cliente na qual não ficará bem comparecer com uma maleta. Ele deverá levá-la para o aeroporto, e guardá-la num daqueles escaninhos. Lá poderemos deixá-la por um bom tempo, até termos a certeza de que nenhuma suspeita foi levantada. É claro que não vamos viajar, mas talvez fosse bom um de nós não vir ao escritório por uns dois dias.
- Tenho mesmo que resolver umas coisas. Vou avisar à minha secretária. Mas que tipo de suspeita poderia haver? Isso é dinheiro de propina, nem entra em nenhuma contabilidade...
- Eu sei, mas poderia levantar suspeitas se começássemos a lançar mão dessa fortuna. E olhe que a tentação é grande...
- Não, não pode haver nem tentação. Será, isto sim, nossa independência financeira, graças a esses contratos milionários que a firma faz. Mais tarde, bem mais tarde, poderemos até pedir nossa demissão sem levantar suspeitas. Seremos dois honrados funcionários, em prematura aposentadoria...
- Plano perfeito! Precisamos ter muita paciência, mas valerá a pena.
De seu canto, Alírio sorriu e pensou: “A aposentadoria de vocês, ou a minha?...”

Nestor deixou o rapaz em casa.
- Pronto, Alírio, remexa suas coisas e veja se lembra de alguma coisa. E olhe, se você está se sentindo bem, acharia melhor que você fosse trabalhar logo amanhã. Não pelo cafezinho, é lógico... Mas o contato com os colegas irá talvez lhe ajudar a recuperar a memória.
- Irei, com certeza, Nestor, você tem razão.
No dia seguinte, outra vez Nestor e Olavo estavam na janela, quando viram Alírio chegando para o trabalho.
- Veja que sorte a nossa, Olavo! Alírio desmemoria-do, a chave conosco, e ele não sabe nem de onde ela é... Agora é só esperar.
- É verdade. Nestor, por que você não vai até o aeroporto, a ver se está tudo bem?
- É o que vou fazer. Vou dar as boas vindas ao Alírio e ir até lá. Estou ansioso para rever aquela maleta.
Alírio foi recebido com festa pelos colegas. Todos queriam saber o que tinha havido, como teria acontecido aquela tragédia, mas ele nada pôde esclarecer. Nem ali, no seu ambiente de trabalho, qualquer pista parecia trazer-lhe de volta a memória perdida.
Mais tarde, Nestor comentou com Olavo:
- A maleta está lá, Olavo. Mas tentei abri-la e não consegui. Levei a senha escrita num pedaço de papel, mas não funcionou. Deve ter enguiçado. Mas pelo peso, a nossa aposentadoria está intacta...
- Deixe-a lá. Depois a gente dá um jeito de abrir aquele cilindro. Como disse, vamos deixar o dinheiro “descansando” mais um pouco... Não podemos ser apressados.
- É, mas com essa história do Alírio ele já “descansou” pelo menos três meses. Mais um pouco e vamos poder usufruir da nossa aposentadoria.
Naquela noite, Em casa, Alírio começou a revirar seus guardados, em busca de alguma pista de sua identidade. Nada que lhe acrescentasse algo à memória vinha daqueles objetos. Eram fotos, cartas, documentos. Descobriu apenas que não tinha família, morava naquele pequeno apartamento sozinho, que teve um companheiro de quarto – chamado Pacheco – que havia falecido já há algum tempo, que as contas estavam pagas e, principalmente, que levava uma vida muito solitária. Parecia-lhe que ela se resumia a distribuir café para os colegas, no escritório. Onde, por sinal, era muito querido.
- Talvez seja melhor que eu não recupere nunca a memória. Vida nova, quem sabe?, deve ser melhor que as lembranças. Ainda mais se estas não forem muito boas...
Cansou-se. Ainda com a roupa que chegou da rua, deitou-se e ficou olhando para o teto. Que seria de sua vida dali em diante? Absorto em pensamentos sem rumo, observou uma pequena mancha no vidro translúcido do plafonier. “Que será aquilo?” – pensou. Nunca havia reparado naquela mancha. Subiu numa cadeira e tateou até achar o pequeno objeto. Era uma chave.
Quando a fechou nas mãos, imediatamente veio-lhe um pensamento na mente: “Dinheiro!”
Dinheiro? Mas por que dinheiro? Que estranha e súbita lembrança era aquela? Chave, dinheiro... dinheiro de onde? Havia um pequeno plástico com um número, preso à argola da chave: 311. Não se preocupou muito, acabaria descobrindo.

Nestor entrou esbaforido no escritório. Dirigiu-se à sala de Olavo, entrou e bateu a porta com estrépito:
- Que quer dizer isso, Olavo? Onde está o dinheiro?
- Que dinheiro, Nestor? O que é que há?
- Ora, que dinheiro! A mala está cheia de jornais velhos, Olavo. O que você fez com o dinheiro? Quer me passar a perna?
- Jornais velhos? Eu nem voltei ao aeroporto! Você é que foi lá e disse que o cilindro tinha enguiçado, não se lembra? Agora vem com essa história de jornais velhos! Eu é que pergunto: onde está o dinheiro? Não foi você que ficou com a chave? Como é que você abriu a mala?
- Não interessa, isso é o de menos! Eu lhe dei a chave, e você também foi ver a mala, já não se lembra mais? Como é que você pretendia me passar pra trás? Qual era o seu plano?
– Estou querendo saber qual é o seu plano, não o meu! Você vem aqui, faz esse teatro todo, sabendo que nenhum de nós dois pode acusar o outro, mas o dinheiro já deve estar longe, não é? Ah, mas eu vou dar um jeito! Isso não vai ficar assim...
– Eu é quem digo! Não vai ficar assim, mesmo!
Ato contínuo, avançou para Olavo, que se defendeu como pode. Eram dois rapazes fortes, e a luta não seria desigual. Nestor estava possesso, Olavo mais ainda. Rolaram pela sala, derrubando tudo o que estava ao alcance, nenhum se conformando com a “traição” do outro. O ruído chamou a atenção dos colegas de trabalho, que aos poucos, aglomeraram-se na porta da sala fechada. Lá dentro, no ardor da luta, Nestor alcançou uma pesada estatueta e golpeou a cabeça de Olavo, que, ao cair, mais uma vez bateu com a cabeça na ponta da mesa. Nesse momento, a porta foi arrombada e os outros, com Alírio à frente, depararam com Nestor de pé, a estatueta na mão e Olavo caído, sangrando abundantemente.
- Nestor! O que você fez?!
Nestor estava lívido. Não conseguia se mover, olhando fixamente para o colega estendido aos seus pés. Deixou cair pesadamente a estatueta e ajoelhou-se ao lado de Olavo.
- O que foi que eu fiz... O que foi que eu fiz...
Nestor foi levado pela polícia em estado de choque. Olavo estava morto. Ninguém podia sequer imaginar o motivo da desavença que havia culminado com um fim tão trágico.
- Eram tão amigos... Estavam sempre juntos...
- Como irmãos...
Alírio não entendia. Por que aquela briga repentina, sem motivo aparente?
- Ontem mesmo estavam juntos, rindo e brincando... Pareciam estar planejando algo que iriam fazer...
Voltou para casa desolado. Um crime, entre colegas, num escritório tão pacato, onde todos se davam tão bem! Na véspera havia servido o seu cafezinho aos dois, na sala de Nestor. Encontrou-os rindo, como sempre. Até mexeram com ele:
- Puxa, Alírio, seu cafezinho fez falta! O outro que puseram no seu lugar não sabia fazer tão bem como você...
- Isso você não esqueceu, não é? Como é, e a memória? Nada ainda?
- Nada... Mas, sabe? Ontem mesmo aconteceu uma coisa curiosa comigo. Estava deitado na cama, olhando para o teto, quando vi, em cima do lustre...
Nesse momento, entrou um colega:
- Como é, Alírio, e o nosso café? Estamos esperando!
- Já vou, já vou... Olhe, depois eu conto. O pessoal esta indócil...

Sentado na sua poltrona, Alírio examinava a chave em sua mão, imaginando mil coisas sobre como ela teria ido parar em cima do lustre do quarto. Ao mesmo tempo, não lhe saía da cabeça aquele crime monstruoso que separou para sempre os dois amigos.
Que teria havido? Jamais alguém saberia. Nestor, preso, recusava-se a falar uma palavra sobre o que havia acontecido. Parecia preferir ser condenado a se defender. Mas só ele sabia que ainda havia uma mínima chance para recuperar a fortuna amealhada com a cumplicidade de Olavo. “Um dia vou sair daqui...” – pensava. Mas não tinha a menor idéia de como, então, faria o resgate do dinheiro.
“311”... Que número seria aquele, preso à chave? Com certeza teria sido o seu companheiro de quarto que a escondera no plafonier. E por que, ao senti-la nas mãos, veio a idéia fixa de “dinheiro”, à sua mente? Aquela chave seria de algum escaninho, em algum guarda volumes da cidade? Rodoviárias, estação ferroviária, aeroportos... Quem sabe não começaria a procurar? Nada teria a perder.
Primeiro foi à rodoviária principal da cidade. Não havia escaninhos, era um funcionário que recolhia os vo-lumes em troca de uma senha.
- Mas essa chave está me parecendo do aeroporto – disse o rapaz a Alírio – é coisa fina, muito bem feita. Primeiro mundo...
No aeroporto, Alírio constatou que ele tinha razão. Procurou o armário 311 – a chave abriu-o com facilidade. De lá de dentro retirou uma pequena maleta, e não se conteve. Sussurrou, para si mesmo:
- É dinheiro. Não sei por que, mas alguma coisa me diz que é dinheiro...
Em casa, não teve dificuldades em abrir a mala. Nervoso, arrebentou o cilindro do segredo com sofreguidão, e constatou que estava certo. Ali havia uma pequena fortuna.
- Meu Deus! Esse dinheiro só pode ser do falecido Pacheco! Mas por que ele nunca me disse nada? Morou tanto tempo comigo, foi-se embora pro outro lado e deixou essa fortuna para... ninguém? E agora?
No dia seguinte, contou o achado para os colegas. Cada um deu um palpite: “Casa comigo...”, dizia uma delas. “Divide com a gente...” – exclamava outro. “Está rico, vai esquecer os colegas...” – lamentava um terceiro.
- O dinheiro é seu, Alírio. Faça o que você bem entender com ele. – Foi a sugestão mais sensata.
- Calma, gente... Esse dinheiro é meu, nada... E se eu bem conhecia o Pacheco, acho que sei o que ele gostaria que eu fizesse com ele. Amanhã mesmo vai ser dividido com quem não tem nada...
E, batendo no ombro do que estava mais próximo:
- Podem deixar que o cafezinho do meio do expediente está garantido... Vocês não vão se ver livres de mim assim tão facilmente... 





 

     



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